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28/02/2011

Produção de gás a partir da cana de açúcar

Gigantes se aliam para produzir gás a partir da cana

Petrobras, Braskem, Ultrapar e Cosan pleiteiam financiamento do BNDES para construção de fábrica-piloto de R$ 80 milhões

Quatro companhias brasileiras, Petrobras, Braskem, Ultrapar e Cosan, estão em um mesmo projeto para a construção de um Centro de Desenvolvimento de Gaseificação de Biomassa (CDGB). As empresas aguardam a aprovação de um financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), da ordem de R$ 27 milhões, para iniciar a construção de uma fábrica piloto na cidade de Piracicaba (SP).

A criação do centro de biomassa está sendo articulada pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) que é também o principal responsável pelo desenvolvimento da tecnologia que será capaz de transformar bagaço de cana-de-açúcar em gás. É um projeto inédito no mundo. O gás, posteriormente, poderá ser utilizado para gerar energia elétrica, produzir biocombustíveis e fazer materiais que se transformam em polímeros, conhecidos como "plásticos verdes".

De acordo com Fernando Lindgraf, diretor de inovação do IPT, além da aprovação do financiamento do BNDES, para dar seqüencia ao projeto as empresas envolvidas precisam resolver questões contratuais. "Especialmente no que diz respeito ao acordo de propriedade intelectual e distribuição de royalties", afirma. O pioneirismo do empreendimento também ocorre no que diz respeito à infraestrutura. "Será criada uma plataforma de gaseificação. O gás vai ser entregue aos parceiros que farão o que quiser com o produto", diz Lindgraf.

Esta primeira fase do projeto receberá um aporte total de R$ 79 milhões. Além do BNDES, a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) fará um investimento de R$ 26 milhões e as empresas participarão, inicialmente, com R$ 13 milhões. O IPT, juntamente com a Universidade de São Paulo (USP), e o Governo do Estado, através da Secretaria de Desenvolvimento, darão uma contrapartida de R$ 8 milhões e R$ 5 milhões, respectivamente.

Durante os três primeiros anos de operação da fábrica, devem ser processadas 3 mil toneladas de biomassa. Segundo Lindgraf, um dos objetivos da unidade piloto é o de dobrar, para 40%, o rendimento energético do bagaço de cana. "Hoje o custo do watt térmico é estimado na Europa em US$ 3,00, queremos chegar a US$ 1,50", diz. Instituições como o Centro de Tecnologia Canavieira (CTC) e Centro de Ciência e Tecnologia do Bioetanol (CTBE) também participam dessa corrida tecnológica, a exemplo do que ocorre em outros países.

O diferencial do Brasil é a matéria-prima. Enquanto os concorrentes fazem estudos com palha de milho e carvão , o país irá trabalhar com cavacos de madeira e cana. A escolha de Piracicaba como sede, uma das principais produtoras de cana do país, deve favorecer o processo.

 

Fonte: Priscila Machado, Brasil Econômico/Sindcomb Notícias, fevereiro/ 11