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Cogeração - Modalidade dá segurança e reduz custos
Segurança energética, aumento na qualidade e confiabilidade no fornecimento de energia e redução de custos operacionais. Esses são os principais pontos que têm levado os shopping centers a optar pela autogeração. É o que informa José Renato Bruzadin, gerente executivo da unidade Energy Solution Business da Cummins Power Generation do Brasil, enfatizando a alta eficiência global (em torno de 87%) destes sistemas.
Para shopping centers, opta-se normalmente pela geração em horário de ponta, onde se instala uma usina que gera energia tipicamente das 17:30 às 20:30 horas. Esta usina também serve para operação nos momentos de indisponibilidade de energia da concessionária. A geração é feita a base de óleo diesel ou a gás natural, sendo que cada vez mais ganha força a utilização do gás natural, devido ao forte apelo ambiental, bem como menor custo operacional, que segundo Bruzadin, compensa o investimento nas tecnologias.
No sistema de cogeração de energia, utiliza-se os motogeradores a gás natural, que permitem reaproveitar a energia térmica dos motores (circuito de resfriamento do bloco e gases de escape), como fonte de energia para o sistema de geração de água gelada e o de ar condicionado do shopping center.
Para os especialistas, em projetos dimensionados para geração contínua, a opção pelo gás natural é considerada bem atrativa, não somente pelo custo operacional, mas também pelo aspecto ambiental, por deixar poucos resíduos na atmosfera. Usado nos processos de climatização, elimina o uso de gases refrigerantes que danificam a camada de ozônio, como o CFC. Por ser fornecido por meio da rede de rua de concessionária, o gás não precisa ser estocado e possui queima limpa, com baixa taxa de C02.
Perfil de funcionamento
“Para projetar um sistema eficiente, é importante conhecer claramente os comportamentos da demanda e consumo de energia ao longo do seu período de funcionamento. A identificação destes perfis (energia elétrica) e térmica (ar condicionado) são fundamentais para se dimensionar uma boa solução energética”, diz Bruzadin.
Ele explica que na alternativa de geração em horário de ponta, a usina permanece em stand by e, alguns minutos antes do horário de pico, entra em operação e se conecta ao sistema elétrico assumindo a carga elétrica do shopping. “Neste momento, existem ainda duas opções, que é a de operar o tempo todo em paralelo com a concessionária, ou a usina assumir a carga do shopping”, justifica. No final do horário de ponta, a manobra se repete, porém se forma reversa, ou seja, transferindo novamente a carga do shopping para a concessionária e desligando-se a usina. “É importante frisar que essas manobras podem ser feitas de maneira automatizada, dispensando a intervenção humano no local”.
Na alternativa de cogeração, normalmente opera-se durante todo o período de funcionamento comercial do shopping, fornecendo as energias elétricas e térmicas demandadas pelo empreendimento. As operações de conexão e desconexão do sistema da concessionária seguem a mesma lógica descrita para as usinas de ponta, com a ressalva de que para o perfeito balanceamento nos fornecimentos de energia térmica e elétrica, é recomendado a operação em paralelo com a concessionária. “A presença de um operador, neste caso, deve ser avaliada em função dos riscos de cada instalação”, explica o técnico. O posicionamento da usina deve ser, preferencialmente, próxima à subestação de entrada do empreendimento e do sistema de distribuição de água gelada.
Tanto a alternativa de geração em horário de ponta, como a cogeração, são opções geralmente bastante atraentes, propiciando economias que compensam o capital investido no sistema.
Uma vez conhecido os perfis de consumo térmico e elétrico, é muito importante que o desenho e implantação da solução sejam cuidadosamente realizados, pois as soluções são customizadas e devem atender as condições específicas de cada cliente: implantação civil, fluxograma de processo, sistema de conexão à concessionária e proteções, balanceamento térmico (quando for cogeração), filosofias operacionais, suporte de operação, suporte de manutenção, automatização envolvidas, etc.
Em São Paulo Shopping Interlagos terá sistema movido a gás
Ao completar 20 anos, o shopping Interlagos moderniza a sua rede utilidades implantando um sistema de cogeração de energia, com grupos motogeradores à gás fornecidos pela Divisão de Soluções em Energia da Cummins (ESB – Energy Solution Business). O projeto é da Ecogen, responsável pela instalação e manutenção dos equipamentos da central de cogeração há 15 anos.
Na primeira fase de implantação, a capacidade de geração de energia chega a 1.750 kW e 920 TR de água gelada para o sistema de ar condicionado do shopping, sendo que 360 TR serão produzidas pela cogeração e complementadas por um chiller de absorção à gás natural com capacidade de 560 TR. Na segunda fase, a cogeração terá a instalação de mais um motogerador em função da expansão do shopping, totalizando 3.500 kW de geração elétrica e 1.280 TR de água gelada para o sistema de ar condicionado.
O sistema vai atuar paralelamente à rede de energia elétrica já implantada, permitindo corrigir falhas de energia ocasionadas por apagões e oscilações elétricas e evitando gastos na manutenção com equipamentos que são sensíveis as variações, o que garante maior confiabilidade no fornecimento de energia para o shopping.
Alimentado somente a gás natural, o sistema de cogeração instalado no Shopping Interlagos terá aproveitamento das energias elétrica e térmica geradas nos grupos motogeradores fornecidos pela Cummins. Além disso, o shopping evitará gastos maiores com aumento de demanda de energia elétrica. Na prática, o sistema de ar condicionado opera com água gelada produzida a partir de um chiller de absorção, aproveitando-se a energia térmica fornecida pelo motogerador a gás; ao contrário dos sistemas convencionais de geração a frio que funcionam com eletricidade.
Segundo José Renato Bruzadin, da Cummins, o investimento será recuperado através da economia a ser gerada, com a vantagem de promover um ciclo de produção energética inteligente e de alta eficiência, que evita desperdícios, não agride o meio ambiente e propicia maior confiabilidade no fornecimento energético. “É a forma mais eficiente de se utilizar o combustível”, conclui
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Fonte: “O Empreiteiro”, ano XLVI, no474